terça-feira, 29 de abril de 2014

Casca de Banana

   Afirma o dicionário da Língua Portuguesa Houaiss que o verbo "Banalizar" nada tem a ver com o substantivo "Banana". Acrescenta que há várias interpretações para o substantivo, mas que nem de longe há conexão com o verbo em questão. Uma pena, digo! Pois nesse momento "Banana" e "Banalizar", na verdade, estão escalados no mesmo time e acredito até que formem uma dupla de ataque. Para este blog, uma dupla ruim, mas o fato é que estão ali, lado a lado! 

   Racismo é algo muito sério e que não deveria ser encarado sob hipótese alguma do ponto de vista do marketing cotidiano. Cada um, claro, tem seu grau de avaliação, seu instrumento para interpretar qualquer fato do dia a dia, mas levá-lo para perto do banal não ajuda. 

   Não ajuda, porque sempre há e haverá uma casca de banana em toda banana. Banana tem casca e ela é escorregadia por demais. 

   O gesto de várias personalidades do mundo esportivo e de outros setores da sociedade, a alcunha "somostodosmacacos" nas redes sociais, em certa medida, podem descambar em direção à banalização. E da banalização para a diminuição da relevância que o tema racismo pede, é um pulo, melhor, um drible! 

   Mas que fique bem claro! Uma situação é o gesto de Daniel Alves, que diante do Villarreal comeu uma banana arremessada das arquibancadas, como forma de repulsa à infeliz atitude do torcedor. Uma repulsa justa! Outra é a multiplicação da indignação, que se estiver distante da credibilidade, logo ficará no vazio e só servirá para murchar o real sentimento de repulsa em relação a qualquer gesto cotidiano de racismo.


   O que falta mesmo, para este blog, é punição. E da grossa! A NBA (Liga de Basquete dos Estados Unidos), por exemplo, parece começar a se mexer. Trabalha com multa e até suspensão do dono dos Los Angeles Clippers, que na semana passada externou sua opinião sobre os negros. Na Espanha, o Villarreal garante que vai impedir que o torcedor que atirou a banana volte a frequentar seu estádio de futebol. 

   Mas medidas como essa seriam suficientes? Para este blog, não! É preciso ser mais duro e assertivo. Talvez até usando como exemplo a punição de meia década que os clubes ingleses vieram a sofrer após a decisão da Liga dos Campeões da Europa em 1985 entre Juventus e Liverpool, a famosa tragédia de Heysel, na Bélgica. 

   É preciso realmente cortar na própria carne, como indica um velho ditado popular. Em outras palavras, eliminar um clube de futebol pequeno ou grande, um time de basquete de renome ou não, um país de primeiro ou terceiro mundo das respectivas competições esportivas nas quais o episódio aconteça. 

   Sem isso, sem assertividade, sem clareza, sem força, é usar o tão simpático substantivo, agora na condição de adjetivo, num de seus piores significados, o de covarde!

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se sou eu que, ingenuamente espero e acredito nas boas intenções das pessoas, mas não vi como uma má atitude. Ainda que tenha se transformado em uma jogada de marketing, foi essa campanha que fez o caso atingir a proporção que atingiu e, por menor que tenha sido a punição, foi tomada uma atitude e muito graças à essa campanha lançada. Concordo que, como quase tudo que atinge tamanha proporção, acabou-se banalizando essa campanha contra o preconceito racial, mas acredito que essa banalização foi causada pela descrença de muitas pessoas, ou melhor, pela postura que o ser humano assumiu de enxergar simplesmente o pior em tudo. Qualquer assunto tão polêmico irá gerar discussão e é direito de todos exporem suas opiniões, mas eu prefiro continuar enxergando o lado positivo da campanha, é o meu perfil, afinal, acreditar no melhor das pessoas, ela gerou discussões importantes, não será esse o intuito? Torço para que continue gerando polêmica, que as pessoas continuem falando, que continue sendo pauta, que não seja algo esquecido e que não seja direcionado apenas para este caso... Que sejamos todos macacos por sermos todos iguais e não que sejamos todos macacos por continuarmos agindo como irracionais. Entendo e respeito o seu ponto de vista, Maurício, mas não concordo totalmente com ele. Resumindo, o que eu quis dizer é que prefiro uma campanha publicitária, que gere discussão sobre um assunto tão grave e que não deveria mais existir fora dos livros de história, ainda que gere algumas jogadas de marketing, do que o esquecimento.

Maurício Capela - @mcapela disse...

Muito obrigado pela opinião, meu caro! Um abraço!