terça-feira, 10 de junho de 2014

Minha primeira Copa!

   Ah, a minha primeira Copa do Mundo! Que saudades eu tenho de você! Era um tempo só nosso... Era um tempo que me debruçava a colar cada figurinha, depois de mascar cada chiclete Ping Pong, em um álbum meio azulado, se cá minha memória não me trai. 

   Minha Copa... Mas que saudades eu tenho de você! De você e daquela "maldita" figurinha do goleiro Arconada... Quantos chicletes masquei, quantas broncas levei até encontrar a figurinha do Arconada.


As figurinhas do álbum Ping Pong da Copa do Mundo de 1982
   Tenho saudades, minha Copa, da minha camisa amarela, com golas verdes, logotipo da Taça Jules Rimet ornando com a floriznha de café. Ah, que saudades do meu par de Kichute, que amarrava até quase os joelhos por cima do meião branco... E dos nomes dos craques então? Que saudades quando imitava o gesto de um Zico ao marcar um gol ou quando vibrava como os goleiros belga Pfaff e o italiano Dino Zoff... 

   Ah, Copa de 1982, você passou tão rápido, tão depressa que nem pude aproveitar direito! Mas as memórias, felizmente, permanecem vivas. Algumas não tão agradáveis, desagradáveis mesmo, como aquele Paolo Rossi, que resolveu jogar bola justamente no jogo contra o Brasil... Três de Rossi... Três!! 

   Mas olha Copa de 82, olhar de novo você, assim de frente, é entrar em um verdadeiro túnel do tempo. É lembrar de meu pai, com cabelos preeeeeetos, dando auxílio na hora de colar àquelas benditas figurinhas... Revê-la, 82, é rememorar minha família e um tal de "Futuro", que todo dia me visitava sempre com um largo sorriso!

   Ah, minha Copa! Eram tempos diferentes aqueles de 82. Tempos sem pompa, sem glamour, sem os milhões de dólares que correm nas veias do marketing esportivo. Era uma época que se pedia à mãe, e como pedi, para costurar o número às costas da camisa verde-amarela. Era uma época sem "dry fit" ou qualquer outra engenhoca que prometesse enxugar o duro suor dos jogos nas ruas da cercania de casa. Era uma época da camisa de algodão... Era uma época doce, muito doce!

   Voltar a 1982 é lembrar do toque de bola da seleção Canarinho... É puxar na memória os dribles de Zico, é lembrar do calcanhar do Doutor Sócrates ou das defesas do Waldir Peres. Olhar para você, Copa, é entender de novo, aprender de novo, compreender de novo os porquês que me levaram a virar torcedor de futebol. Sim, porque primeiro se torce pelo esporte, depois se escolhe um clube.


   Hoje, às portas do Mundial no Brasil, fico a pensar como será que o garoto perto de casa, o filho do meu irmão, o moleque que está ali defronte à televisão vai reagir? Como? Será que vão se lembrar do álbum de figurinhas? Será que vão carregar para sempre os futuros dribles de Neymar, de Messi? Será que vão lembrar dos possíveis futuros gols de Cristiano Ronaldo? O que será que essa molecadinha vai memorizar do Mundial no Brasil?

   Eu, talvez pouco carregue, talvez pouco memorize, talvez guarde apenas as coisas chatas que circunscrevem a vida dos adultos, manifestações, greves, reivindicações... Mas eu prometo, Copa de 2014, que eu vou me esforçar... Ah, vou!! 

   Vou me esforçar para lembrar pelo menos de um gol decisivo, de uma vitória heroica e de um sorriso, de um sorriso sincero... Que espero, seja o meu! Um sorriso igualzinho aquele que soltei quando acabei de mascar um Ping Pong e nele trazia aquela fotinho do Arconada! Pode deixar, 2014, eu vou me esforçar!!

Um comentário:

Um bom bocado das coisas disse...

Engraçado, hoje pensei em como tudo era diferente, quando nas Copas eu era menina. Ou os jogadores não eram bonitos e egocêntricos ou eu que nem notava. Deve ser. Parabéns, bom texto.