quinta-feira, 29 de maio de 2008

É dia de Timão!


Não quero ser engenheiro de obras prontas, mas parece que eu já advinhava o que aconteceria naquele Morumbi apinhado. Eu, que andei mal de saúde por esses dias, achei que não poderia pisar em um estádio tão cedo. E mesmo com opiniões divergentes, vesti meu casaco e resolvi aparecer por lá ontem. É verdade que não fui só. Convidei uns e outros, mas quem se dignou a me acompanhar mesmo foi só o Vicente e o Luis. De resto, ninguém.

Então, passei primeiro na casa do Vicente e depois demos um pulinho ali no Tatuapé para pegar o Luis. E ontem o pequeno polegar estava impossível. Resolveu lembrar dos velhos tempos e também dos gols fantásticos daquele campeonato do Quarto Centenário. Sensacional! Eu, ao volante, apenas sorria. Também com esse trânsito de hoje em dia, distração significa colisão.

Estávamos todos muito animados. Sabíamos que o Corinthians de hoje não é uma máquina de jogar bola, mas eita time raçudo esse. Não se entrega jamais. Brincadeira, esse Timão... Também puseram um Mano no comando. Só podia dar nisso.

De tudo, eu só estranhei um negócio. O Vicente estava muito calado. Não é disso. Gosta de uma prosa e adora dizer que time bom é o 7-5-2. É isso mesmo. 7 de ponta direita, 5 no meio de campo e 2 na "laterar". Lembrei disso ontem e contei no carro. O Luisinho se rasgou de rir, já o Vicente ficou quieto. Sendo assim, não agüentei e perguntei ao Vicente o que estava acontecedo. Com a frieza e a sabedoria de quem dava nó em pingo d'água, o véio olhou para mim e disse. "Só falo depois do jogo. É promessa e pronto". E se fechou em copas. Ok, vamos respeitar.

Mas não tem nada, porque o Pequeno Polegar falava por mim, pelo Vicente e por ele. O Luisinho estava em uma empolgação só. Ao chegarmos ao Morumbi, já sacamos a massa ensandecida. Estavam em transe. Em transe pelo Timão. Eu me acomodei, o Vicente também e o Luisinho idem. Ficamos ali batendo papo até o rolar da bola, com exceção do véio.

Passou o primeiro tempo, veio o segundo e chegou o momento da catarse. O Vicente estava absolutamente quieto. Mas quando o Zé Carlos pegou a bola, o sábio do Matheus resolveu falar e filosofar. Naquela fração de segundos, virei-me e estranhei. "Ué, não falarias só depois do jogo?". Calmo, ciente, o velho Matheus levantou, olhou para um lado, para o outro e sem pestanejar, disse a mim. "Carbone, hoje, é dia de Corinthians. Isso aqui é Timão puro. Não há como perdermos hoje". Eu fiquei achando que era loucura, mas segundos depois, o velho Matheus mostrou que conhece bem esse negócio de bola. E já com um sorriso no rosto, virou-se para a gente e disse. "Isso é Corinthians!"

Nenhum comentário: