quinta-feira, 22 de maio de 2008

Eu vi!

Ontem, não estive no Maracanã. Melhor, não estive no Mário Filho. Mas o meu amigo, o Sobrenatural de Almeida, esteve. Esteve lá. De terno, bengala e cartola. Alinhado, como qualquer Tricolor que se preze.

Eu e o Sobrenatural já travamos dezenas de discussões sobre a bola e seus rumos, mas nunca mais falamos sobre o Fluminense. Sabe como é. Nesses tempos de globalização, o Tricolor das Laranjeiras está mais para quarto mundo do que para nação emergente. Primeiro mundo mesmo só uns dois ou três times, como este que enfrentamos ontem no Mário Filho. Aliás, faz um bom tempo que não vejo o Mário. Como será que ele anda?

Mas o Sobrenatural, ontem, esteve impecável no seu traje. Mesmo com um oculinhos sem-vergonha, que reflete o peso da idade, Almeida e os Arquibaldos resolveram tirar o pó da camisa, bater a bandeira e com a fleuma própria de um fluminense partir rumo ao Mário Filho. Eu, confesso a ti, resolvi não ir. Não ando bem. Não me sinto com bons fluídos o suficiente para dar uma passada em qualquer estádio de bola. Ando resignado.

Mas um Geraldino gente boa, resolveu me emprestar seu radinho de pilha para que eu ouvisse, se quisesse, uma parte do jogo. Não quis, de primeira. Relutei. Mas quando liguei o diabo da tevê, vi meu amigo Chico Buarque. Estava à toa na vida e o seu amor o chamou. Um amor em grená, verde e branco. E lá se foi o contemporâneo Chico. Eu, resignado, não fui. E também mudei de canal. O rádio também não liguei.

Só que faltou combinar com os vizinhos. Logo, escutei um grito uníssono de gol. Forte mesmo. Ecoou em umas quatro ruas de Ipanema. Depois, veio o silêncio. Passou uma meia hora, outro grito. Aí, não agüentei. Levantei-me, liguei o rádio, acendi um cigarro, botei uma dose, porque ninguém é de ferro, liguei a tevê e comecei a berrar. Feito um insano, berrei.

Não demorei e avistei o Chico, de novo. E logo ali abaixo, perto de uma porção de Arquibaldos, saquei o Sobrenatural. Pensei, danadinho, esse Sobrenatural.


Confesso que não agüentei e tirei o pijama. Vesti meu terno com dois botões, porque sou das antigas. Arrumei meticulosamente meu cabelo e afrouxei a gravata. Só para dar um estilo. E me mandei para o Mário Filho. Contactei uns dois ou três colegas das antigas e entrei no gramado. Fiquei ali, bem atrás do tal goleiro-artilheiro.


Sobrenatural de Almeida logo me avistou e não demorou a ficar do meu lado. Eu sabia que ele viria até mim. Fiquei ali, ao lado dele, por uns cinco minutos. E nem percebi, quando o Sobrenatural levantou. Estava concentrado no escanteio do Thiago Neves, que inclusive precisa jogar mais. Pois é, nem notei que o Almeida caminhou em direção ao tal goleiro-artilheiro e resolveu parar ao lado da trave direita dele. Eu nem vi. Só ouvi o Sobrenatural dizer "Oh, Rogério", com a clara intenção de distrair o tal goleiro. Deu certo.


Mais tarde, já ao lado do Washington nos vestiários, o ouvi dizer que foi Deus. Não, Washington, meu filho! Não foi Deus e tampouco o Anjo Pornográfico que vos fala. Foi o sacana do Sobrenatural de Almeida mesmo!

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