segunda-feira, 2 de junho de 2014

Por uma Portuguesa Real: Real Portuguesa!

   É uma velha nova polêmica! Mas é dessas que vale o debate, a troca de ideias, a discussão, ainda que alguns torçam o nariz. 

Documento pede o acréscimo de nome à Portuguesa
   Vamos aos fatos. O sítio da Associação Portuguesa de Desportos pede ao torcedor ou simpatizante que sugira um nome para acrescer ao já existente, com base na reunião do Conselho Deliberativo do clube realizada no longínquo 25 de agosto de 1993. Como frisa o documento disponível no sítio da agremiação, não é um novo nome, é acréscimo.

   Semântica à parte - mesmo entendendo que o simples ato de acrescer algo à alguma coisa já torna essa coisa diferente, portanto, modificada -, este blog não vai perder linhas preciosas para discutir a sintaxe de nossa bela língua portuguesa. Até porque o que está em jogo é a identidade de um clube tradicional, que um dia já foi grande, e que dá a entender até ao seu mais fanático torcedor que não tem pernas para ficar de pé por muito tempo.

   Torcedores e imprensa discutem a mudança de nome da Portuguesa há pelo menos meio século. Sim... Desde os tempos do jornalista Raul Tabajara, fervoroso defensor da mudança. E de lá para cá, ao sabor das campanhas, o assunto surge, ressurge e sucumbe... Mas desta vez é diferente!

   A Portuguesa não é mais a mesma desde 1998. É neste ano que começa um brusco endividamento do clube, que tem como ponto alto mais tarde a saída do atacante Ricardo Oliveira para o Santos, sem que a Lusa recebesse um só tostão, e a queda pela primeira vez dentro de campo para a série B. Ambos fatos em 2002! 

   É nesse intervalo de quatro anos que a Portuguesa se desarticula financeiramente, perde o ônibus do marketing esportivo e sofre uma sangria de receitas que poucas vezes se viu no futebol mundial. 
"Este blog apóia a tentativa e torce para que Real Portuguesa seja o indicado por torcedores e simpatizantes."
   A desarticulação da Portuguesa é tão grande, que a sua categoria de base, que já foi referência, não disponibiliza um jogador para Seleção Brasileira desde o atacante Diogo, que atualmente está no Palmeiras, e o lateral-esquerdo Leonardo, companheiros de Lusa mais ou menos a partir de 2006. Antes deles, só Rodrigo Fabri e o zagueiro César na década de 90... E isso para um clube que cedeu jogadores nas três primeiras conquistas de Copa do Mundo do Brasil (58, 62 e 70), sem contar que de uma vez só na década de 50 a Lusa mandou sete jogadores para a Seleção Brasileira.

   Mas o calvário rubro-verde não termina aí. A Portuguesa não disputa uma final de Campeonato Paulista desde 1985 e não vive uma época de ouro no cenário brasileiro desde 1996, 97 e 98, respectivamente, vice-campeã brasileira, semifinal no estilo quadrangular e semifinalista contra o Cruzeiro.
 
   O erro da Portuguesa não é de cálculo. É de projeto. Esqueçamos por um minuto os erros de arbitragem, essa história mal explicada que levou a Lusa à Série B em 2014 e nos perguntemos:
  1. Por que um clube que já teve mais de 100 mil sócios pagantes na década de 90 não percebeu que os novos condomínios viraram verdadeiros clubes? 
  2. Como um clube que tem no seu DNA revelar jogadores não se ateve aos mandamentos da nova lei, a Lei Pelé? 
  3. Por que uma equipe repleta de cicatrizes no que diz respeito à arbitragem e tribunais não checou e checou de novo o resultado dos julgamentos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva?
   O buraco rubro-verde é profundo, complexo e até melancólico. Mas nisso tudo tem um detalhe... Aos olhos de quem lida com números e marketing, a Lusa é viável. Está endividada, mas é viável.


   A dívida da Portuguesa, estima-se, beira os R$ 100 milhões e é claro que ela tem dificuldades para gerar um terço desse valor como receita anual. Claro que tem! Mas há ativos, para usar uma linguagem moderna do mundo das finanças, que nenhuma corporação deixaria de lado. A saber:
  • Sua área na zona norte de São Paulo é gigante;
  • Está à beira da principal via metropolitana de escoamento de produção da América Latina, a Marginal Tietê;
  • Não está nem a dois quilômetros de uma estação de metrô que leva seu nome, inclusive;
  • A distância entre seu estádio, erguido na década de 70, e o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) não chega nem a 10 quilômetros;
  • A Portuguesa, se fosse uma marca de multinacional, seu proprietário estaria rindo de orelha a orelha, uma vez que seu índice de rejeição praticamente não existe. É claro que esse índice subiria à medida que ela voltasse a ser respeitada em campo, mas até lá dá tempo de compor um fado e afinar a guitarra;
  • Com menor pressão, dá para apostar nas categorias de base e logo formar patrimônio que a possibilite sair do atoleiro.
   Para este blog, o que a Portuguesa precisa é de gestão. É de ideia e ideal. O que a Portuguesa precisa é aproveitar seu estádio, reformulá-lo e colocar um pé no século XXI do marketing esportivo, negociando camarotes, monetizando sua área para, por exemplo, estacionamento, restaurantes, serviços todos os dias da semana. 

   O que a Portuguesa precisa é respeitar a sua história, que só voltará a ter respeito se ela tiver receita, porque o que a Portuguesa precisa é de ídolos, é de jogadores que façam com que o garoto se anime a olhar nem que seja de soslaio a camisa rubro-verde. O que a Portuguesa precisa é cair na Real. 

   Entender que é urgente se abrir e não segregar. O nome Portuguesa é belo, mas é restritivo. O nome Portuguesa é histórico, mas não tem gentílico, porque já é o próprio gentílico. O nome Portuguesa precisa de um adjetivo, que combinado a ídolos, rejuvenesça o clube e faça com que todos esse fatores positivos remem numa só direção: a reconstrução! 

   É fácil? Não, não é! Mas se a Portuguesa quiser ainda ser algo real, é preciso de uma dose de realidade, é preciso ser Real Portuguesa! E é essa a razão dessa coluna... Este blog apóia a tentativa e torce para que Real Portuguesa seja o indicado por torcedores e simpatizantes.

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