quinta-feira, 29 de maio de 2014

"Nenhuma das três arenas tem renovação automática de contrato"

   Conglomerado! Já ouviu falar? Sabe o que é? Se não, preste atenção. Não, não precisa do dicionário não! Basta dar uma olhada na escalação desse grupo brasileiro chamado Odebrecht. Dona de um faturamento de quase R$ 97 bilhões em 2013, a Odebrecht é uma daquelas empresas que joga nas onze. Troca passes em Saneamento Básico, na Construção Civil, no campo das matérias-primas do plástico, a famosa Petroquímica... Mas se é assim, então não faltava área alguma para esse grupo brasileiro? Faltava... Faltava o futebol... Mas já não falta mais, viu!  Presente de um jeito ou de outro em quatro estádios da Copa do Mundo no Brasil, o grupo brasileiro garante que colocou o pé no mundo do Esporte e não tem previsão para sair. E ainda deu a camisa 10 dessa sua nova atividade para Odebrecht Properties, um braço do conglomerado que já no ano passado faturou R$ 2,94 bilhões. E foi o “treinador” dessa turma aí, a Organização Odebrecht, que bateu bola, por e-mail, com o dBico.

dBico - A Odebrecht atua na área de Construção Civil, Petroquímica, Saneamento Básico, Construção de Aeroportos e Hidrelétricas no Brasil e no mundo, entre outras áreas. Então, por que um grupo desse tamanho resolveu colocar o pé no mundo do esporte?
Organização Odebrecht - O Odebrecht Properties é acionista de concessionárias que operam três estádios: Maracanã (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Itaipava Arena Fonte Nova (Salvador, Bahia) e Itaipava Arena Pernambuco (São Lourenço da Mata, Pernambuco), todos construídos pela Odebrecht Infraestrutura, assim como a Arena Corinthians (São Paulo, São Paulo), cuja operação será feita pelo próprio clube. A operação de arenas é consequência de algumas oportunidades na Copa do Mundo, em que se conseguiu levar uma gestão privada para os estádios, num modelo de Parceria Público-Privada (PPP).  Entendemos que é uma oportunidade para a Odebrecht  propiciar melhor infraestrutura para entretenimento, movimentando ainda mais esse mercado no País, ofertando mais qualidade, conforto e segurança para a população.

dBico - Para a Odebrecht, o Brasil deveria ter organizado uma Copa do Mundo? Por quê?
Organização Odebrecht - A Copa é uma oportunidade para o Brasil fomentar a atividade econômica, com geração de empregos e renda por meio de novos negócios, criação de investimentos e atendimento a demandas de infraestrutura. Como em outros países, a realização de grandes eventos deverá também no Brasil propiciar efeitos que se estenderão por um prazo mais longo, constituindo em legado. Exemplo disso foi a criação de modelos de PPP e de concessões para operações de estádios públicos.

dBico - Dos 12 estádios de futebol que estarão nas 12 cidades-sede, quantos foram erguidos pela Odebrecht? E desses, qual era o orçamento original de cada um deles? Quais estouraram o orçamento previsto? Em quanto? Por quê?
Maracanã será administrado pela Odebrecht por 35 anos
Organização Odebrecht - A Odebrecht participou da reforma e da construção de quatro arenas da Copa do Mundo: Maracanã, Arena Corinthians, Itaipava Arena Fonte e Itaipava Arena Pernambuco. Os orçamentos iniciais e os custos finais podem ser informados pelos clientes que nos contrataram para realizar as obras. Como em qualquer construção, a variação entre orçamento inicial e custo final pode ser atribuída a vários fatores, como alterações de projetos ou de prazos, mudanças em materiais ou de técnicas construtivas, alterações no número de trabalhadores, variação nas horas trabalhadas, entre outros. É importante registrar que as obras foram entregues pela Odebrecht com alto padrão de qualidade e seguindo todas as especificações definidas pelos clientes, o que torna essas arenas legados para o futuro não só do futebol brasileiro, mas também como indutoras de uma melhor qualidade de vida para todos. 

dBico - Durante a construção dessas 12 arenas, noticiou-se fartamente que houve estouro no orçamento inicial em vários estádios construídos pelo Brasil, além dos sucessivos atrasos registrados em várias arenas quanto ao cronograma de obras. Como a Odebrecht lida com esse tipo de situação? É normal uma empresa com esse capital intelectual e desse porte registrar estouros de orçamento e atrasos de cronograma? Por quê?
Organização Odebrecht - É importante ressaltar que a Odebrecht entregou no prazo três arenas para a Copa das Confederações, que foram o Maracanã, Itaipava Arena Fonte Nova e Itaipava Arena Pernambuco, ainda no primeiro semestre de 2013. Esta última, por sinal, teve sua entrega antecipada em um ano, o que demonstra toda a capacidade da empresa em executar este tipo de obra dentro do prazo estipulado pela organização. Os orçamentos foram compatíveis com as mudanças dos encargos da organizadora da Copa do Mundo e a antecipação da obra, no caso de Pernambuco. No caso da Arena Corinthians, por conta do acidente ocorrido, o cronograma acabou não sendo cumprido, mesmo assim a arena foi entregue para o Corinthians dentro do novo prazo definido pela FIFA, pelo clube e pela empresa.
"... ano passado (2013), no segundo semestre, o estádio (Maracanã) recebeu 62 partidas. Isso supera o número de jogos que grandes arenas europeias recebem anualmente." 
dBico - Estouros e cronogramas em contínua alteração não comprometem a credibilidade do grupo e da engenharia brasileira? Não geram problemas de imagem mundo afora? Como lidar com isso?
Organização Odebrecht - Reiteramos que os orçamentos são compatíveis com os encargos da organizadora da Copa do Mundo. A Odebrecht é uma organização brasileira presente em mais de 20 países, com cerca de 180 mil integrantes. Realizamos obras e exportamos bens e serviços brasileiros para os Estados Unidos, Europa, Ásia, África e América do Sul, sempre alcançando a aprovação de nossos clientes e renovando contratos. A credibilidade da Odebrecht foi construída ao longo de 70 anos, com a atuação em diversas áreas, atendendo clientes e governos com serviços de alta qualidade. Esta credibilidade credenciou a empresa para participar e vencer a concorrência na licitação para construção de quatro estádios da Copa. A experiência que os torcedores já estão tendo nas arenas construídas pela Odebrecht é, sem dúvida, mais um ponto na construção da boa imagem da empresa.

dBico - Hoje, vocês operam as arenas Fonte Nova, Pernambuco e Maracanã. Como funciona esse contrato de operação (tempo, remuneração, responsabilidades)? É com os governos de cada estado? Há renovação automática?
Organização Odebrecht - Cada estádio tem um contrato com suas peculiaridades, mas nenhum deles tem renovação automática. O Maracanã é uma concessão pública. O Governo do Estado (do Rio de Janeiro) contratou um consórcio para reformar o estádio, do qual a Odebrecht Infraestrutura fazia parte e posteriormente abriu uma licitação para a operação do Maracanã. A concessionária Maracanã, controlada pela Odebrecht Properties, foi a vencedora e tem o direito de administrar o estádio por 35 anos. Temos como responsabilidade uma série de obras complementares para executar que estão sendo definidas com o Governo do Estado (do Rio de Janeiro). No caso da Itaipava Arena Fonte Nova é uma PPP, na qual a concessionária tem participação de OAS Arenas. É um acordo de 35 anos de operação, que contempla o período de construção do estádio. Na Itaipava Arena Pernambuco também é uma PPP com o Governo do Estado (de Pernambuco), que nos dá o direito de operação por 33 anos, contando o período de obra.

dBico - Existe alguma arena que provoca algum desafio maior? E em que medida?
Odebrecht tem direito a operar a Arena Fonte Nova por 35 anos
Organização Odebrecht - Todas as arenas apresentam um grande desafio pela complexidade que é operar um ativo deste tamanho, que reúne milhares de pessoas durante o ano. O perfil do público é diferente em cada região. Vale destacar o Maracanã, pela sua importância histórica. Para efeito de comparação, ano passado (2013), no segundo semestre, o estádio recebeu 62 partidas. Isso supera o número de jogos que grandes arenas europeias recebem anualmente. Isso traz como desafio a capacidade de manter o Maracanã sempre impecável, da limpeza e da qualidade do gramado, para a manutenção dos assentos e banheiros.

dBico - A Odebrecht está de olho em alguma outra praça esportiva no Brasil? Há alguns anos a empresa tinha um projeto para erguer uma arena em Campinas (SP) com a Associação Atlética Ponte Preta? Em que pé está esse projeto?
Organização Odebrecht - A empresa segue atenta às oportunidades do mercado, mas não tem nenhum projeto em negociação.

dBico - A Odebrecht também opera o ginásio do Maracanãzinho. Ele está pronto para os Jogos Olímpicos de 2016? Se não, qual é a previsão?
Organização Odebrecht - A concessionária vai fazer intervenções no Maracanãzinho para os Jogos Olímpicos, como está previsto no contrato de concessão.
"No caso da Arena Corinthians, por conta do acidente ocorrido, o cronograma acabou não sendo cumprido, mesmo assim a arena foi entregue (...) dentro do novo prazo..."
dBico - Como a companhia observa a intervenção, que é crescente, do Comitê Olímpico Internacional (COI) na cidade do Rio de Janeiro?
Organização Odebrecht - É normal que as entidades organizadoras participem ativamente das fases prévias de realização de seus eventos, como ocorre com as Olimpíadas.

dBico - Qual foi o faturamento do grupo Odebrecht em 2013? E qual foi a participação desse braço, chamado de Properties? 
Organização Odebrecht - A Odebrecht totalizou um faturamento de R$ 96,9 bilhões em 2013. A Odebrecht Properties, que além de arenas, tem outras duas áreas de negócio, Propriedades Públicas e Propriedades Privadas, teve receita de R$ 2,94 bilhões no ano passado (2013).

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