Conglomerado! Já ouviu falar? Sabe o que é? Se não, preste atenção. Não,
não precisa do dicionário não! Basta dar uma olhada na escalação desse grupo
brasileiro chamado Odebrecht. Dona de um faturamento de quase R$ 97 bilhões em
2013, a Odebrecht é uma daquelas empresas que joga nas onze. Troca passes em Saneamento Básico, na Construção Civil, no campo das matérias-primas do plástico, a famosa
Petroquímica... Mas se é assim, então não faltava área alguma para esse grupo brasileiro? Faltava... Faltava o futebol... Mas já não falta mais, viu! Presente de um jeito ou de outro em quatro
estádios da Copa do Mundo no Brasil, o grupo brasileiro garante que colocou o
pé no mundo do Esporte e não tem previsão para sair. E ainda deu a camisa 10 dessa sua nova
atividade para Odebrecht Properties, um braço
do conglomerado que já no ano passado faturou R$ 2,94 bilhões. E foi o “treinador”
dessa turma aí, a Organização Odebrecht, que bateu bola, por e-mail, com o
dBico.
dBico - A Odebrecht atua na área de Construção Civil, Petroquímica, Saneamento Básico, Construção de Aeroportos e Hidrelétricas no Brasil e no mundo, entre outras áreas. Então, por que um grupo desse tamanho resolveu colocar o pé no mundo do esporte?
Organização Odebrecht - O Odebrecht Properties é
acionista de concessionárias que operam três estádios: Maracanã (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Itaipava Arena
Fonte Nova (Salvador, Bahia) e Itaipava Arena Pernambuco (São Lourenço da Mata,
Pernambuco), todos construídos pela Odebrecht Infraestrutura, assim como a
Arena Corinthians (São Paulo, São Paulo), cuja operação será feita pelo próprio
clube. A operação de arenas é consequência de algumas oportunidades na Copa do
Mundo, em que se conseguiu levar uma gestão privada para os estádios, num
modelo de Parceria Público-Privada (PPP). Entendemos que é uma
oportunidade para a Odebrecht propiciar melhor infraestrutura para entretenimento,
movimentando ainda mais esse mercado no País, ofertando mais qualidade,
conforto e segurança para a população.
dBico - Para a Odebrecht, o Brasil deveria ter organizado uma Copa do Mundo?
Por quê?
Organização Odebrecht - A Copa é uma oportunidade para o
Brasil fomentar a atividade econômica, com geração de empregos e renda por meio
de novos negócios, criação de investimentos e atendimento a demandas de
infraestrutura. Como em outros países, a realização de grandes eventos deverá
também no Brasil propiciar efeitos que se estenderão por um prazo mais longo,
constituindo em legado. Exemplo disso foi a criação de modelos de PPP e de
concessões para operações de estádios públicos.
dBico - Dos 12 estádios de futebol que estarão nas 12 cidades-sede, quantos
foram erguidos pela Odebrecht? E desses, qual era o orçamento original de cada
um deles? Quais estouraram o orçamento previsto? Em quanto? Por quê?
Maracanã será administrado pela Odebrecht por 35 anos |
Organização Odebrecht - A Odebrecht participou da reforma
e da construção de quatro arenas da Copa do Mundo: Maracanã, Arena Corinthians,
Itaipava Arena Fonte e Itaipava Arena Pernambuco. Os orçamentos iniciais e os
custos finais podem ser informados pelos clientes que nos contrataram para
realizar as obras. Como em qualquer construção, a variação entre orçamento
inicial e custo final pode ser atribuída a vários fatores, como alterações de
projetos ou de prazos, mudanças em materiais ou de técnicas construtivas,
alterações no número de trabalhadores, variação nas horas trabalhadas, entre
outros. É importante registrar que as obras foram entregues pela Odebrecht com alto
padrão de qualidade e seguindo todas as especificações definidas pelos
clientes, o que torna essas arenas legados para o futuro não só do futebol
brasileiro, mas também como indutoras de uma melhor qualidade de vida para
todos.
dBico - Durante a construção dessas 12 arenas, noticiou-se fartamente que houve
estouro no orçamento inicial em vários estádios construídos pelo Brasil, além
dos sucessivos atrasos registrados em várias arenas quanto ao cronograma de
obras. Como a Odebrecht lida com esse tipo de situação? É normal uma empresa
com esse capital intelectual e desse porte registrar estouros de orçamento e
atrasos de cronograma? Por quê?
Organização Odebrecht - É importante ressaltar que a
Odebrecht entregou no prazo três arenas para a Copa das Confederações, que
foram o Maracanã, Itaipava Arena Fonte Nova e Itaipava Arena Pernambuco, ainda
no primeiro semestre de 2013. Esta última, por sinal, teve sua entrega
antecipada em um ano, o que demonstra toda a capacidade da empresa em executar
este tipo de obra dentro do prazo estipulado pela organização. Os orçamentos
foram compatíveis com as mudanças dos encargos da organizadora da Copa do Mundo
e a antecipação da obra, no caso de Pernambuco. No caso da Arena Corinthians,
por conta do acidente ocorrido, o cronograma acabou não sendo cumprido, mesmo
assim a arena foi entregue para o Corinthians dentro do novo prazo definido
pela FIFA, pelo clube e pela empresa.
"... ano passado (2013), no segundo semestre, o estádio (Maracanã) recebeu 62 partidas. Isso supera o número de jogos que grandes arenas europeias recebem anualmente."
dBico - Estouros e cronogramas em contínua alteração não comprometem a
credibilidade do grupo e da engenharia brasileira? Não geram problemas de
imagem mundo afora? Como lidar com isso?
Organização Odebrecht - Reiteramos que os orçamentos são
compatíveis com os encargos da organizadora da Copa do Mundo. A Odebrecht é uma
organização brasileira presente em mais de 20 países, com cerca de 180 mil
integrantes. Realizamos obras e exportamos bens e serviços brasileiros para os
Estados Unidos, Europa, Ásia, África e América do Sul, sempre alcançando a
aprovação de nossos clientes e renovando contratos. A credibilidade da
Odebrecht foi construída ao longo de 70 anos, com a atuação em diversas áreas,
atendendo clientes e governos com serviços de alta qualidade. Esta
credibilidade credenciou a empresa para participar e vencer a concorrência na
licitação para construção de quatro estádios da Copa. A experiência que os
torcedores já estão tendo nas arenas construídas pela Odebrecht é, sem dúvida,
mais um ponto na construção da boa imagem da empresa.
dBico - Hoje, vocês operam as arenas Fonte Nova, Pernambuco e Maracanã. Como funciona esse contrato de
operação (tempo, remuneração, responsabilidades)? É com os governos de cada
estado? Há renovação automática?
Organização Odebrecht - Cada estádio tem um contrato com
suas peculiaridades, mas nenhum deles tem renovação automática. O Maracanã é
uma concessão pública. O Governo do Estado (do Rio de Janeiro) contratou um consórcio para reformar
o estádio, do qual a Odebrecht Infraestrutura fazia parte e posteriormente
abriu uma licitação para a operação do Maracanã. A concessionária Maracanã,
controlada pela Odebrecht Properties, foi a vencedora e tem o direito de
administrar o estádio por 35 anos. Temos como responsabilidade uma série de
obras complementares para executar que estão sendo definidas com o Governo do
Estado (do Rio de Janeiro). No caso da Itaipava Arena Fonte Nova é uma PPP, na qual a concessionária tem participação de OAS Arenas. É um acordo de
35 anos de operação, que contempla o período de construção do estádio. Na
Itaipava Arena Pernambuco também é uma PPP com o Governo do Estado (de
Pernambuco), que nos dá o direito de operação por 33 anos, contando o período
de obra.
dBico - Existe alguma arena que provoca algum desafio maior? E em que medida?
Odebrecht tem direito a operar a Arena Fonte Nova por 35 anos |
Organização Odebrecht - Todas as arenas apresentam um
grande desafio pela complexidade que é operar um ativo deste tamanho, que
reúne milhares de pessoas durante o ano. O perfil do público é diferente em
cada região. Vale destacar o Maracanã, pela sua importância histórica. Para
efeito de comparação, ano passado (2013), no segundo semestre, o estádio recebeu
62 partidas. Isso supera o número de jogos que grandes arenas europeias recebem
anualmente. Isso traz como desafio a capacidade de manter o Maracanã sempre
impecável, da limpeza e da qualidade do gramado, para a manutenção dos assentos
e banheiros.
dBico - A Odebrecht está de olho em alguma outra praça esportiva no Brasil? Há
alguns anos a empresa tinha um projeto para erguer uma arena em Campinas (SP)
com a Associação Atlética Ponte Preta? Em que pé está esse projeto?
Organização Odebrecht - A empresa segue atenta às
oportunidades do mercado, mas não tem nenhum projeto em negociação.
dBico - A Odebrecht também opera o ginásio do Maracanãzinho. Ele está pronto para os Jogos
Olímpicos de 2016? Se não, qual é a previsão?
Organização Odebrecht - A concessionária vai fazer
intervenções no Maracanãzinho para os Jogos Olímpicos, como está previsto no
contrato de concessão.
"No caso da Arena Corinthians, por conta do acidente ocorrido, o cronograma acabou não sendo cumprido, mesmo assim a arena foi entregue (...) dentro do novo prazo..."
dBico - Como a companhia observa a intervenção, que é crescente, do Comitê
Olímpico Internacional (COI) na cidade do Rio de Janeiro?
Organização Odebrecht - É normal que as entidades
organizadoras participem ativamente das fases prévias de realização de seus
eventos, como ocorre com as Olimpíadas.
dBico - Qual foi o faturamento do grupo Odebrecht em 2013? E qual foi a
participação desse braço, chamado de Properties?
Organização Odebrecht - A Odebrecht totalizou um
faturamento de R$ 96,9 bilhões em 2013. A Odebrecht Properties, que além de
arenas, tem outras duas áreas de negócio, Propriedades Públicas e Propriedades
Privadas, teve receita de R$ 2,94 bilhões no ano passado (2013).
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