sexta-feira, 9 de maio de 2014

Minuto de Silêncio!

   Um minuto de silêncio, por favor! Para falar bem a verdade, talvez seja necessário mais que um minuto, uma hora, um dia... Talvez seja preciso bem mais que o silêncio, inclusive. Talvez o que precise mesmo é de um novo acordo, um novo parâmetro, um novo olhar. Nenhuma festividade, nenhum trabalho, nada, justifica a morte em ambiente de trabalho! 

   Quem vai se posicionar? Se são autoridades esportivas ou não, locais ou mundiais, tanto faz... O momento é de reflexão. Se na África do Sul, em 2010, tivemos duas mortes, o que falar das oito vítimas já registradas no Brasil? Três operários perderam a vida nas obras da Arena Corinthians, palco da abertura do Mundial deste ano; outros três na Arena Amazônia; um em Brasília e agora mais um na Arena Pantanal. Em boa matemática, um terço dos estádios brasileiros para o Mundial já registrou vítimas fatais e temos quatro vezes mais mortes do que o verificado na Copa do Mundo anterior. 

Um terço dos estádios brasileiros registrou mortes nas obras para a Copa do Mundo de 2014

   Mas o buraco parece ser bem maior. O que dizer da distante Copa do Mundo de 2022, marcada para acontecer no Catar? Por lá, dados da International Trade Union Confederation, a Confederação Mundial dos Trabalhadores em bom português, indicam que 1,2 mil pessoas já perderam suas vidas nas obras do Mundial, que vão além de estádios, porque há questões de infra-estrutura inseridas no projeto. Sim, você leu certo! Mil e duzentas pessoas morreram ou por questões relacionadas às atividades diárias de trabalho ou simplesmente porque resolveram se suicidar. As autoridades do Catar, no entanto, discordam dos dados divulgados pela entidade e afirmam que os números estão errados.

   Certos, errados, aproximados, a questão é menos o número e mais a vida! É impossível considerar normal que um evento esportivo, no caso a Copa do Mundo, seja marcado por mortes na construção de estádios, na realização dos jogos ou em qualquer outra atividade relacionada. Fatalidades existem, infelizmente, mas mortes em série, não!

1,2 mil pessoas morreram 
nas obras da Copa do Mundo de 2022, segundo a Confederação Mundial dos Trabalhadores

   As autoridades brasileiras parecem inclinadas a tomar providências. Tem vigiado de perto, adotado certas medidas, mas o problema foge ao Brasil. A questão é global e, em certa medida, quem deveria capitanear toda e qualquer iniciativa para evitar que novos incidentes viessem a acontecer deveria ser a organizadora do evento, que no caso é a entidade máxima do futebol, a Fifa. 

   Lamentar, a Fifa até lamenta. Mas é preciso mais que uma palavra de condolência. É preciso medidas que evitem mortes tolas como observamos na África do Sul, vemos no Brasil e pelo jeito já assistimos no Catar. Com a palavra, melhor, com a bola mesmo debaixo do braço, a Fifa!

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