terça-feira, 13 de maio de 2014

"Nível do futebol no Brasil é bom mas taticamente muito abaixo da Europa"

De São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo (SP), até Tilburg, província de Brabante do Norte, localizada na região sul dos Países Baixos, lá se vai uma boa caminhada. São mais de 9,5 mil quilômetros de distância entre um ponto e outro, o que na prática significa se enfiar em um avião no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), fazer uma conexão em algum lugar da Europa, desembarcar em Eindhoven, nos Países Baixos, e percorrer pelo menos uns bons 30 quilômetros... Até chegar em Tilburg, o quartel-general do clube de futebol Willem II (três vezes campeão holandês), onde quem se destaca é o são-bernardense Bruno Andrade. Aos 25 anos, Andrade balançou por 14 vezes em 27 jogos as redes dos adversários da Jupiler League, a segunda divisão do campeonato holandês, na temporada 2013/2014, o que lhe rendeu o sexto lugar na tabela de artilharia. E de quebra foi fundamental para a volta como campeão do Willem II, que tinha caído para Jupiler League no campeonato de 2012/2013, à primeira divisão, a Eredivisie, na próxima temporada. 

dBico - Qual foi o seu primeiro clube no Brasil na base e quando foi? Você jogou profissionalmente por aqui? Se sim, quando, por quem e qual foi a competição?
Bruno Andrade - Comecei no Audax-SP em 2004. Na época, o nome era PAEC. Estreei como profissional aos 16 anos pelo PAEC e joguei uns 8 jogos pela B-1 do campeonato paulista (Quarta Divisão do Futebol de São Paulo). Foi o primeiro ano do PAEC como time profissional. 

dBico - Atualmente, você defende o Willem II, que acabou de subir para a primeira divisão da Holanda como campeão. Você pretende ficar na equipe para a próxima temporada? Você foi sondado por alguma outra agremiação da Holanda ou da Europa? Se sim, por quem? Como estão as negociações? Se não, como está a sua situação no Willem II em termos de contrato, duração, renovação?
Andrade - Fomos campeões esse ano e tenho mais um ano de contrato com o Willem II. Apareceram algumas coisas e estamos em conversa pra ver o que é melhor para o futuro. Tenho vontade de ficar e jogar a primeira divisão pelo Willem II. Sou querido aqui e é sempre bom jogar em um clube onde você é bem recebido. 

"Eu me inspiro no Cristiano Ronaldo, um exemplo de profissional..."

dBico - Você já teve passagens pelo Reggina da Itália e STVV da Bélgica. Quanto tempo ficou em cada clube? Por que resolveu desembarcar na segunda divisão da Holanda?
Andrade - Joguei uma temporada pelo Reggina da Itália, uma e meia pelo STVV da Bélgica, três pelo Helmond Sport da Holanda, e meia temporada pelo Audax (RJ). Vim pro Willem II, porque sabia que eles tinham ambição em serem campeões e por ser um time grande, de tradição na Holanda. Jogar para ser campeão foi o maior motivo. 

dBico - Qual é a sua visão a respeito dos estilos de futebol praticados na Holanda, Bélgica, Itália e Brasil? Há mais diferenças do que semelhanças? Quais são as principais diferenças?
Andrade - Os estilos de jogo são bem diferentes. Na Itália, o jogo é bem fechado, a bola aérea é muito usada e o ritmo um pouco mais lento que na Bélgica e Holanda, que já são jogos mais ofensivos e dinâmicos. No Brasil, o nível é bom, mas taticamente ainda muito abaixo da Europa. 

dBico - De onde é o sobrenome “Andrade”? Você já tem dupla cidadania? De posse da dupla cidadania, você aceitaria atuar por essa seleção? Já foi sondado? O que pensa de jogadores brasileiros que resolveram defender outras seleções?
Andrade - (O sobrenome) Andrade é da minha mãe. O verdadeiro nome vem da minha avó: "Lazzari", que é o nome italiano da família. Tenho dupla cidadania italiana. Gosto da Itália e da Holanda. Se um dia tiver a oportunidade em jogar nessas seleções, aceitaria com o maior prazer. Jogar em uma seleção e disputar campeonato de nações, com certeza deve ser um sentimento único. Acho legal os jogadores que jogam em outras seleções. A seleção brasileira é muito difícil, pois temos muitos jogadores bons, que podem ter possibilidades em outras seleções. 

dBico - Qual é a sua estratégia em termos de carreira? Qual seria o centro que desejaria jogar? Tem sonho em atuar por algum clube? Qual?
Andrade - Tenho vontade de jogar em times grandes e ligas grandes. O campeonato inglês é o meu favorito. É muito organizado e tem um nível muito alto. Jogar em times da Barclays Premier League seria um prazer. 

dBico - Gostaria de defender um clube brasileiro importante? Você alguma vez já foi sondado nesse sentido? Se o foi, por quem? E por que não deu certo?
Andrade - O campeonato brasileiro é bem nivelado e bom para se disputar. Jogar em um grande clube seria um prazer.

dBico - Em que você se inspira como jogador? Por quê?
Andrade - Eu me inspiro no Cristiano Ronaldo, um exemplo de profissional e com uma ambição de sempre ganhar mais. 

dBico - O que se fala da Copa do Mundo no Brasil na Holanda?
Andrade - Aqui na Holanda, as pessoas não estão nada esperançosas com a própria seleção. Acham que não vão muito longe. Creem que Alemanha ou Espanha ganhem e esperam que o Brasil vença. 

dBico - Na sua avaliação, quem são os favoritos para vencer a Copa do Mundo? Por quê?
Andrade - Em minha opinião, o Brasil é o favorito por conta do fator casa. A torcida virá com tudo. Acho que a Alemanha tem o melhor elenco. A Espanha com certeza é uma das favoritas pelo que vem fazendo nos últimos anos. Mas a minha aposta é no Brasil. 

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